A segunda maior empresa do mundo em transporte marítimo, a Mediterranean Sphipping Company (MSC), opera há um mês a rota a partir de Porto Velho, que conecta Rondônia com os principais portos do planeta. As operações realizadas superaram todas as expectativas em razão do potencial produtivo do estado, conforme revelaram membros da diretoria na audiência que tiveram nessa quinta-feira (24/09) com o governador Confúcio Moura.
A MSC é especializada no transporte de contêineres, possui 475 navios e 200 portos. A infraestrutura possibilita alcançar cinco mil locais em todo o mundo. Toda esta experiência está, agora, focada nas importações e exportações através da hidrovia do rio Madeira.
Segundo o presidente da MSC no Brasil, Elber Alves Justo, as operações pelo rio Madeira se justificam pela redução do custo do frete e de tempo em relação ao Porto de Santos (SP), por exemplo.
A empresa vislumbra na nova rota atender com vantagens Rondônia, Amazonas e Sul do Mato Grosso. A hidrovia do Madeira é vista como estratégica também para os países mais próximos.
Pela hidrovia devem passar madeira, grãos, pescado e carne bovina, entre outros, para mercados como a Europa e Ásia. Por essa via, o frete é mais barato e o tempo é reduzido, segundo o secretário estadual da Agricultura, Evandro Padovani. A madeira produzida em Ariquemes, que é utilizada como dormentes, e atende à malha ferroviária da Inglaterra, também poderá chegar ao seu destino através dos contêineres.
Padovani participou recentemente de negociações com autoridades bolivianas da região do Beni, na fronteira com o Brasil, e destacou que a rota da MSC vai favorecer as operações que os vizinhos pretendem realizar através do rio Madeira.
Ferrovia
Além de elogiar a iniciativa da empresa de transportes, o governador Confúcio Moura manifestou que esta rota pode estabelecer, num formato diferenciado, a exportação de borracha que a Bolívia pretendeu realizar através da Ferrovia Madeira-Mamoré. A estrada de ferro funcionou por algumas décadas e acabou desativada por se tornar inviável economicamente. Ele comentou: “As expectativas comerciais renascem desta vez com outros propósitos”.
Segundo o governador, o estado aproveitará melhor o momento aumentando a produção de alimento. Ele anunciou que o assoreamento do rio Madeira, preocupação dos empreendedores, será objeto de conversação com o governador do Amazonas, José Melo, outro beneficiado com as operações do transporte de cargas. Conforme Confúcio, a conjuntura atual não é favorável para esperar por ajuda do governo Federal para a dragagem do rio e as soluções locais são mais objetivas.
Gilberto Maciel, diretor da empresa SC, que é a operadora da MSC na região, explicou que as operações iniciaram há um mês, com projeção de 80 contêineres por mês. “As expetativas foram superadas e conseguimos alcançar este volume por semana. É um resultado surpreendente”, comemorou.
Para Rubens Nascimento, superintendente de Desenvolvimento de Rondônia, o empreendimento iniciado pela MSC é resultado de prospecção que apontaram vantagens na utilização de Porto Velho como base logística para o transporte de cargas em contêineres. Ele prevê que outras empresas também passarão a utilizar esta rota, que se apresenta como a mais promissora para o País, uma vez que está mais próxima do canal do Panamá, e de lá pode chegar mais rápido aos demais mercados. “As discussões sobre a construção da ponte interligando Brasil e Bolívia farão parte deste novo cenário”, acrescentou.
Também participaram da audiência, o diretor de Comércio Internacional da MSC, Laurent Van Der Voo; o vice-presidente da empresa no Brasil, Elmer Alves Justo; o diretor Comercial no Brasil, Rui Lourenço; e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Maurão de Carvalho.
Fonte: Jornal Nortão