Enquanto a Petrobras sucateia a sua subsidiária de logística, Transpetro, governos e empresas de outros países investem em frota própria para garantir soberania, previsibilidade de custo e disponibilidade de transporte. Além, é claro, de assegurar bons lucros operando em nossas águas com contratos de valores significativos.
Recentemente, a AET (ex-American Eagle Tankers) informou que está aumentando a frota para 17 navios do tipo DPST (aliviadores com posicionamento dinâmico, essenciais para escoar a produção do Pré-Sal), sendo 13 deles em operação no Brasil. A empresa é o braço de logística de petróleo da Misc, operadora de FPSOs que pertence ao grupo estatal Petronas, da Malásia. Os navios-tanque foram projetados sob medida para a Petrobras, de olho nos contratos milionários que servirão para realizar cerca de 1,8 mil operações de transbordo por ano.
A Petrobras segue firme na intenção de cessar a operação de navios brasileiros na nossa cabotagem, sem renovação da frota, a fim de privilegiar o afretamento em bandeira estrangeira. Atualmente, há cerca de 20 navios DPST afretados atuando em nossas águas, porém, nenhum deles é operado em bandeira brasileira ou com tripulação de pelo menos 2/3 de nacionais.
É evidente que essa situação deixa a marinha mercante brasileira extremamente vulnerável, assim como a nossa economia. Sem capacidade de controlar o seu transporte marítimo, e não havendo trabalhadores nacionais a bordo, o Brasil passa a depender inteiramente de outros países para escoar o petróleo que, em sua quase totalidade, é produzido no mar.
Fato é que o Plano de Estratégia de Frota da Petrobras parte de premissas equivocadas para chegar às conclusões que a diretoria da empresa deseja. Ao compará-la apenas com as Oil Majors privadas, o plano não considera o papel da frota mercante na soberania de seu principal acionista, o governo do Brasil.
A Petrobras opera quase duas centenas de embarcações e tem, de forma muito evidente, direcionado para empresas estrangeiras os segmentos de navegação estratégicos e aqueles com contratos mais vantajosos, ao contrário do que qualquer empresa marítima faria se o objetivo fosse garantir bons resultados e lucratividade.