O Sindmar recebeu ontem, da gerência de afretamento da Petrobras, a informação de que o navio LEONARDO B (IMO 9240146), com bandeira de conveniência das Ilhas Marshall, não terá o contrato renovado.
A embarcação, que realizava transporte de GLP entre Suape e Fortaleza, foi inspecionada por vistoriadores independentes do SIRE que confirmaram as denúncias do Sindicato sobre as condições deploráveis e inseguras em que se encontrava a praça de máquinas.
A situação era tão grave que nenhum oficial brasileiro concordou em permanecer a bordo do navio que se encontra em contrato na cabotagem afretado pela Petrobras.
A maior parte das irregularidades está relacionada a equipamentos críticos da praça de máquinas, como o Módulo de Controle de Partida (MCP), que estava sendo acionado manualmente a partir do botão de emergência no painel localizado no piso das caixas de mar.
Já a parada do motor era feita com o acionamento manual de um botão amarrado com fita isolante em uma tubulação lateral do MCP, também encontrado no piso das caixas de mar.
Ainda sobre o MCP, verificou-se que o tacômetro do navio não estava em condição operacional e que ele não registra acima de 400 rotações por minuto (RPM). Deste modo, a velocidade de serviço de rotação do motor de 500 RPM era calculada conforme imagem a seguir.
Outros problemas se referiam ao controle da pressão do óleo lubrificante do MCP na turbina – tubulação da água de refrigeração dos cilindros que estava deteriorada – com risco de rompimento e vazamentos.
Essa embarcação é, também, uma das poucas na cabotagem que não assinam acordo coletivo de trabalho com o Sindmar, o que reforça as baixas com as quais o armador tinha intenção de seguir atuando.
Os brasileiros estavam contratados pela INFOTEC, empresa de histórico nada admirável, a qual desconhecemos que tenha certificação exigida e autorização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para empregar marítimos.
Como não havia compromisso algum do armador em cumprir a parte dele para a gestão segura da embarcação Leonardo B, nem ação fiscalizatória efetiva das autoridades e da própria Petrobras já que a situação se prolongava por vários meses, os oficiais brasileiros enviaram ao Sindmar informações robustas e evidências objetivas da condição “substandard” do navio.
Em função dessa situação inaceitável, os nossos representados não viram condições de permanecer a bordo, pois não se sentiam seguros para seguir viagem.
O Sindmar observa que há outros armadores com navios de baixo padrão na cabotagem a serviço da Petrobras, que frequentemente alegam dificuldades na contratação de marítimos brasileiros, mas a dificuldade que enfrentam é causada pelos próprios armadores ao não oferecerem condições aceitáveis a bordo.
“A nossa entidade não recomenda aos seus representados o emprego em empresas marítimas que não tenham ACT vigente com o Sindicato”, disse o presidente do Sindmar e da Conttmaf, Carlos Augusto Müller.
O armador do Leonardo B é um velho conhecido dos sindicatos marítimos brasileiros pela postura intransigente com a qual busca lucrar em nossas águas oferecendo condições de trabalho indignas aos nossos representados, além de operar em condições com as quais nenhum armador sério, que mantenha os seus navios de forma segura, consegue competir.
“As entidades sindicais marítimas seguirão monitorando e cobrando da Petrobras a retirada deste navio de águas brasileiras e a redução da participação de embarcações de outras bandeiras, especialmente as de conveniência, em suas operações em águas nacionais”, declarou Carlos Müller.