Análises foram destaque na imprensa internacional
Braço educacional do SINDMAR, a Fundação Homem do Mar (FHM) foi contratada pela International Transport Workers’ Federation – ITF (Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes), em setembro de 2015, para analisar a segurança da navegabilidade do Navio de Projeto – um new panamax – nas manobras de entrada e saída das novas eclusas do Canal do Panamá e, também, para avaliar o uso dos rebocadores que auxiliarão o Navio de Projeto nestas manobras. O uso de rebocadores é uma novidade, já que antes os navios eram movimentados por meio de um sistema de cabos e locomotivas. Especialmente para este estudo, a FHM desenvolveu o cenário, os rebocadores e o Navio de Projeto, utilizando os simuladores para pesquisa e engenharia do seu Centro de Simulação Aquaviária (CSA) para fazer as análises, concluídas em meados de abril passado.
O Coordenador Geral da FHM Mario Calixto e os representantes da ITF estiveram na Cidade do Panamá, nos dias 26 e 27 de abril passado, para apresentar o estudo à Unión de Prácticos del Canal de Panamá, à Autoridade do Canal do Panamá (ACP) e à imprensa.
Dentre outros pontos, o estudo mostrou que poderão ocorrer restrições operacionais para o Navio de Projeto por conta de condições meteorológicas. E destacou a necessidade da realização de uma análise de risco e, também, de treinamento especial para os trabalhadores envolvidos nas manobras, com o intuito de evitar acidentes que resultem em morte ou em danos ao meio ambiente. Reforçando sua importância, o estudo da FHM ganhou destaque na mídia internacional especializada no setor marítimo, depois que os questionamentos feitos pela ACP foram firmemente rebatidos pela ITF.
Estima-se que 70% do tráfego mundial de embarcações passem pelo Canal do Panamá, fato que o torna a principal via marítima do planeta, segundo dados da ITF. O Canal, que completou 100 anos em 2014, passa por uma grande obra de expansão e, em breve, contará com uma nova faixa de tráfego que vai permitir a passagem dos maiores navios contêineiros do mundo, hoje os mais usados no comércio internacional.
O Secretário Geral da ITF Stephen Cotton explicou que o estudo tem como objetivo auxiliar a ACP na execução das medidas necessárias à segurança das operações no Canal. “Eu gostaria de afirmar que o estudo dá sinal verde para as novas eclusas em qualquer condição. Infelizmente, não posso. Nós enfrentamos uma situação de risco potencial para aqueles que trabalham e transitam no Canal e isso terá de mudar”, ressaltou.
A posição da ITF foi reproduzida por vários veículos de comunicação do setor marítimo, como o Maritime Executive, que descreveu as condições em que o estudo foi realizado: “A FHM possui programas que lhe permitem modelar matematicamente qualquer tipo de navio e área para conduzir uma análise da capacidade de manobra por meio de simulações realizadas utilizando a aproximação integrada, teórica e empírica, e uma extensa base de dados de características hidrodinâmicas e aerodinâmicas.” O World Maritime News ressaltou o fato de que a FHM abordou os pontos levantados pela ACP ao questionar a credibilidade do estudo, e reafirmou que os simuladores do CSA atendem os requisitos estabelecidos pela norma internacional.
Vários sites, como o portal Maritime Information Centre – MIC, reproduziram a declaração de Stephen Cotton, Secretário Geral da ITF, que afirmou: “Em todos os nossos contatos, temos procurado nos empenhar de modo construtivo para garantir a operação segura e eficiente do Canal. Continuamos a acreditar que tal engajamento é o caminho a seguir. Continuamos a insistir numa análise de risco abrangente para melhorar a segurança e a saúde dos trabalhadores. É essencial envolver a todos nesse processo”.
O Secretário Regional para as Américas da ITF Antonio Rodriguez Fritz criticou as dificuldades que os marítimos vêm enfrentando diante da abertura do novo Canal, prevista para julho próximo. Ele destacou que a escolha do Centro de Simulação Aquaviária da FHM para realizar o estudo deveu-se à credibilidade da instituição no mercado internacional, citando o nível de excelência e a larga experiência da equipe, composta por capitães, oficiais mercantes, engenheiros navais, mestres e pós-doutores em hidrodinâmica, além de designers. “Até agora, não tem havido uma boa comunicação entre a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) e os trabalhadores. Há um grande temor com relação à segurança. Os sindicatos marítimos alertaram várias vezes sobre a falta de manutenção dos rebocadores e de treinamento dos marítimos, cobrando soluções para corrigir estes problemas. O estudo do CSA veio preencher esta lacuna. Agora, os capitães de rebocadores e trabalhadores em geral poderão, em um ambiente seguro, simular as condições das novas eclusas para testá-las nas operações com os navios e rebocadores”, explicou Fritz, lembrando que um erro de manobra pode ser fatal.
Sobre o questionamento da ACP, o Diretor da FHM e do SINDMAR Jailson Bispo frisou que o estudo seguiu os mais altos padrões tecnológicos internacionais. “É importante destacar que prestamos um trabalho para a ITF totalmente isento. O estudo foi pautado em uma avaliação técnica, cujas conclusões foram determinadas exclusivamente por critérios técnicos reconhecidos internacionalmente”, afirmou ele, recordando outros projetos importantes já realizados pela Fundação Homem do Mar, como o estudo de manobrabilidade, navegabilidade, análise de risco e o treinamento dos comandantes dos maiores navios de minério do mundo, assim como a familiarização dos práticos com a manobrabilidade deste tipo de embarcação; e o estudo de manobrabilidade, navegabilidade, análise de risco e o treinamento dos comandantes dos primeiros navios de GNL (transportadores de gás liquefeito) e dos mestres de rebocadores envolvidos nas manobras, além da familiarização dos práticos do Rio de Janeiro com a manobrabilidade destes navios.
“A importância do Canal do Panamá na logística internacional deu ainda mais visibilidade ao Centro de Simulação Aquaviária da Fundação Homem do Mar como desenvolvedor de projetos de grande porte e de alta complexidade”, concluiu Bispo.
No site do SINDMAR estão disponíveis as inúmeras matérias veiculadas sobre o estudo da FHM para o Canal do Panamá: goo.gl/8Pz38h
O estudo completo da FHM está disponível no site da ITF: goo.gl/17QF2K
Assista ao vídeo da FHM sobre o estudo: goo.gl/4vgQEc