Um time de especialistas brasileiros e estrangeiros apresentou as principais novidades tecnológicas e equipamentos da área de Posicionamento Dinâmico, debatendo tendências, conceitos e desafios relacionados a treinamentos, qualificação profissional e gerenciamento de riscos, além das mudanças na regulamentação – para operadores e para operações – entre outros temas, durante a segunda edição brasileira da Conferência de Posicionamento Dinâmico, a DPBRASIL® 2015. O evento foi realizado nos dias 26 e 27 de maio, no Windsor Barra Hotel, no Rio de Janeiro, pela Fundação Homem do Mar (FHM) e pelo Centro de Simulação Aquaviária (CSA) do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar). Mais de duzentas pessoas, entre profissionais, executivos e estudantes participaram das palestras e debates.
A conferência foi aberta pelo Segundo Presidente do Sindmar, José Válido, e pelos diretores da FHM – que administra o CSA – Odilon Braga, Jaílson Bispo e Marco Aurélio Lucas, que destacaram o compromisso das instituições com a excelência dos cursos oferecidos aos marítimos brasileiros e, também, de outros países, que buscam aperfeiçoamento profissional. Hoje, as instituições do Sindmar são referência, no mundo todo, também no desenvolvimento de estudos, pesquisas e projetos de infraestrutura aquaviária e portuária, atuando tanto para grandes empresas privadas como para órgãos governamentais.
No campo de inovação e tecnologia a serviço do Posicionamento Dinâmico, Peter Sierdsma, da Global Maritime, mostrou um panorama das tecnologias DP (sigla em inglês de Posicionamento Dinâmico), englobando o estado atual, os desenvolvimentos futuros e os aspectos que precisam de melhorias. Knut Jarle Lysklett, da Ship Modelling & Simulation Centre AS, apresentou novas tecnologias de treinamento e fez a demonstração de um software que recria um cenário virtual dentro de um navio real, simulando operações de DP. Eduardo Tannuri, da Universidade de São Paulo, demonstrou uma simulação numérica destinada à avaliação de operações de DP. Já Daniel Barcarolo, da francesa HydrOcean, mostrou novidades no design e calibração dos sistemas de Posicionamento Dinâmico.
Outro tema muito discutido durante a DPBRASIL® 2015 foi o gerenciamento de risco. Tony Gjerde, da Lloyd’s Register Consulting apresentou um painel englobando princípios, estudo de casos e desafios nesta área, e Luca Pivano, da Marine Cybernetics, apresentou propostas de planejamento para aumentar a segurança das embarcações. Paul Walters, do American Bureau of Shipping, explicou como é feita a fiscalização das operações de DP realizada pela Guarda Costeira dos EUA e quais são os parâmetros da legislação americana para garantir que as operações tenham riscos reduzidos ao máximo.
A realidade offshore e no setor marítimo das operações de DP foi tema de especialistas como Yann Giorgiutti, do Bureau Veritas, que fez uma apresentação técnica sobre as diversas influências na capabilidade dos sistemas DP. Afonso André Pallaoro, da Petrobras, discorreu sobre a análise de falhas e o desempenho dos sistemas de DP. Uma das palestras mais concorridas foi a de Daniel Cruz, também da Petrobras, que apresentou o modelo de WSOG (Well Specific Operation Guidelines), guia de Posicionamento Dinâmico relativo a poços, da petroleira brasileira, comparando-o com o do IMCA (International Marine Contractors Association), entidade internacional de regulação do setor marítimo. O padrão Petrobras está sendo implementado nas suas treze empresas contratadas, com o objetivo de uniformizar as normas técnicas. Apesar das divergências, segundo ele, a estatal se mantém aberta ao debate sobre as melhores práticas para operações em poços.
Assegurar a qualidade, a segurança e a competência das operações de DP, a partir de lições aprendidas, foi outro tópico de destaque na DPBRASIL® 2015. Alexander Castro, da LLA Marine, falou sobre estes aspectos das operações de DP, indicando treinamentos em resolução de falhas e procedimentos de emergência a serem realizados a bordo. Rafael Pinedo, da DNV-GL, afimou que a taxa de falhas de sistemas DP é desconhecida e ressaltou a importância do monitoramento dos incidentes na elaboração de normas para o setor. Segundo Pinedo, análises corretas, aplicando todas as diretrizes e regras, diminuem consideravelmente o risco nas operações de DP. Os instrutores do CSA Claudio Barbosa e Fábio Valério, Capitães de Longo Curso, ressaltaram que 95% dos acidentes com embarcações DP se devem ao mau uso de equipamentos de PRS (Position Reference System), usados pelos operadores de DP. Os oficiais avaliaram o desempenho de cada modelo e fizeram recomendações baseadas na experiência de cada um no comando de embarcações. Sue Wang, do American Bureau of Shipping, discorreu sobre a garantia de confiabilidade, desempenho e flexibilidade dos sistemas DP do ponto de vista da indústria.
O fator humano em ambiente offshore também entrou na pauta da DPBRASIL® 2015. A Tenente-Capitão da Marinha do Brasil Adriana Pina explicou em detalhes os conceitos de Tripulação de Segurança e Tripulação Máxima das embarcações, e orientou sobre procedimentos de segurança a bordo. Andy Goldsmith, do IMCA, iniciou sua apresentação afirmando que somente a certificação não garante a competência, enfatizando que os operadores de DP devem passar por treinamento contínuo a bordo, mesmo depois de concluída a formação. Goldsmith afirmou que a capacitação dos profissionais de DP é responsabilidade de todos: operadores, equipes e empresas.
Regina Bindao, Diretora de Acreditação do Instituto Náutico de Londres, entidade que fornece certificação internacional aos operadores de DP, explicou como é feita a emissão dos certificados, detalhando os critérios de avaliação e exigências. Ela relatou casos de fraudes nas requisições, cancelamentos de certificados e comentou as recentes alterações no esquema de treinamento dos DPOs. Depois, respondeu às dúvidas dos oficiais de Náutica sobre a obtenção e revalidação dos certificados. Bindao lembrou que, em épocas de crise, como a atual, as empresas tendem a cortar as verbas de treinamento, o que, segundo ela, é um grande erro, já que são os salários, permanentes, e não os treinamentos, que são periódicos, o que mais onera as companhias. A executiva alertou para o fato de que a falta de treinamento pode causar mortes e espera que, a partir das discussões realizadas na DPBRASIL® 2015, haja maior conscientização do setor sobre a importância da capacitação plena dos profissionais da área.
Durante os dois dias da DPBRASIL® 2015, grupos de moças e rapazes, alunos da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM) do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), organização militar da Marinha do Brasil, acompanharam atentamente as palestras e debates. Para eles, a conferência foi uma grande oportunidade para saber mais sobre um setor fundamental e que está em constante evolução, como é o de Posicionamento Dinâmico, e, também, conhecer mais sobre este segmento de atuação profissional. Clique nas imagens para ampliar:
Encerrada com total êxito a DPBRASIL® 2015, a Fundação Homem do Mar e o Centro de Simulação Aquaviária do SINDMAR já deram início aos preparativos para a terceira conferência brasileira de Posicionamento Dinâmico, a se realizar em 2017. Até lá!