No último dia 21, menos de um mês depois do início das operações nas novas eclusas do Canal do Panamá, o navio porta-contêineir Xin Fei Zhou, da Cosco, colidiu com a parede da eclusa Agua Clara, situada no lado do Atlântico. O acidente, o primeiro ocorrido nas novas eclusas do Canal do Panamá, não foi surpresa para a Fundação Homem do Mar (FHM), braço educacional do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar).
Um estudo independente realizado em um simulador para pesquisa e treinamento, encomendado à FHM pela Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) e concluído este ano, revelou que a navegabilidade do navio, na entrada e saída das novas eclusas do Canal do Panamá, não ocorria de forma segura.
A embarcação, de 335 metros de comprimento e 42,84 metros de boca, se movimentava para oeste quando colidiu com a estrutura, sofrendo uma avaria no casco, acima da linha d’água. Não houve feridos e nem poluição da água. A Autoridade do Canal do Panamá está investigando o incidente.
Durante as simulações de manobras pela FHM, foi demonstrada a dificuldade de manter o controle do navio sob as condições ambientais frequentes no Canal do Panamá. Quanto ao uso dos rebocadores, o desempenho foi insatisfatório devido à sua baixa potência.
O estudo recomendou que fossem realizados treinamentos com todos os envolvidos nas manobras nas novas eclusas do Canal do Panamá e uma análise de risco, pois erros humanos ou situações como falhas de comunicação, cabo partido e avarias nos rebocadores (ou em seus equipamentos de uso direto na manobra) poderiam conduzir a um acidente com até poluição marinha e perda de vidas humanas.
“Fizemos uma análise detalhada nos nossos simuladores para pesquisa e treinamento, onde foram estudadas, em diferentes condições meteorológicas, as condições de manobrabilidade nas novas eclusas. O estudo, de fato, comprovou a grande dificuldade de manter o controle do navio nas manobras simuladas”, comentou o coordenador da FHM, Mario Calixto.
Fonte: Monitor Mercantil