A Mercosul Line, empresa especializada na navegação de cabotagem pertencente ao grupo Maersk, investiu R$ 200 milhões para a aquisição de uma nova embarcação – agora, a companhia conta com quatro navios em sua frota. Além disso, também criou uma nova rota de cabotagem que ligará os portos de Buenos Aires e Fortaleza.
A nova embarcação, batizada Mercosul Itajaí, começou a operar na semana passada e possui 195 metros de comprimento, 11,5 metros de calado e 2,5 mil TEUs de capacidade. “O novo navio vai consumir em torno de 20% a menos de combustível em relação aos outros três, fabricados entre 2008 e 2009”, disse o diretor superintendente da Mercosul Line, Roberto Rodrigues, durante entrevista com a imprensa na 22ª Intermodal South America, em São Paulo.
A nova embarcação foi construída num estaleiro chinês e, originalmente, seria utilizada por um armador internacional – a Mercosul Line adquiriu o navio ainda na fase de construção. “Optamos por esse caminho pelo timing, já que um pedido novo poderia levar mais tempo. Queríamos que o navio entrasse em operação já em 2016”, disse Rodrigues.
Com a adição do novo barco à frota, a empresa também lançou uma segunda rota de cabotagem – atualmente, a companhia realiza um trajeto que passa pelos portos de Itajaí, Paranaguá, Itaguaí, Suape, Pecém, Manaus, Suape e Santos.
O giro da nova rota será composto pelos portos de Buenos Aires, Rio Grande, Navegantes, Santos, Suape, Fortaleza, Salvador, Santos e Buenos Aires. “O segundo serviço terá uma rotação diferente e vai atender portos diferentes. Vamos entrar em mercados que não operávamos”, afirmou o executivo, destacando que essa nova rota será realizada em parceria com a Log-In. “Estamos colocando um navio nosso, e a Log-In irá retirar um navio deles da operação.”
Crise
Rodrigues ainda afirmou que a crise econômica que atinge o País também afetou o crescimento dos serviços de cabotagem. “2015 foi o primeiro ano desde 2009 em que o mercado de cabotagem não cresceu dois dígitos”, ressaltou. “O mercado cresceu pouco mais de 1% em 2015, e, em 2016, eu diria que ficaremos felizes se repetirmos a performance de 2015, dado o agravamento da crise.”
Apesar da postura cautelosa em relação ao resultado desse ano, o diretor superintendente da Mercosul Line afirmou que a companhia trabalha com uma visão de longo prazo. “Se alguém me perguntar se hoje, neste mês, faz sentido colocar mais um navio, eu diria que talvez não. Mas estamos aqui para ficar, para apoiar a estrutura logística e prover soluções de transporte no médio e longo prazo, não só em 2016.”
O executivo também salientou que o momento de crise pode representar uma oportunidade para a Mercosul Line, uma vez que algumas empresas podem começar a utilizar a cabotagem em detrimento do frete rodoviário como forma de reduzir custos.
“A confiança na cabotagem, hoje, é muito superior a cinco ou dez anos atrás. Muitas empresas que até então tinham receio de colocar uma parcela de sua operação na cabotagem foram ficando mais dispostas a experimentar”, afirmou Rodrigues. “Temos recebido muitos pedidos de esclarecimentos. Num momento de crise, todo mundo precisa achar um jeito de baixar os custos, e as pessoas ficam abertas a coisas novas.”