A movimentação de cargas de cabotagem – aquelas transportadas em navios ao longo da costa – no Porto de Santos teve um crescimento recorde de 30% nos oito primeiros meses do ano, na comparação com o mesmo período do exercício anterior. O dado é da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária) e comprova a expansão do transporte marítimo na logística brasileira. Redução de custos operacionais e maior competitividade são as justificativas para a alta nesse serviço.
Os números da Docas incluem tanto as mercadorias especificamente de cabotagem como as de transbordo – as que, transportadas em navios de longo curso, são descarregadas no Porto para posterior embarque em linhas de cabotagem, ou vice-versa.
Conforme o levantamento da Codesp, a carga geral é a principal responsável pela alta nessa movimentação, com um crescimento de quase 20%. Em seguida, estão os granéis líquidos (combustíveis e compostos químicos), com 15% a mais.
Nessas operações, as mercadorias contêinerizadas cresceram 30%: saltando de 381.350 TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), em 2014, para 495.294 TEU, neste ano. Do total de 2015, 238.009 TEU foram pontualmente de transbordo.
Para o presidente da Docas, Angelino Caputo e Oliveira, os dados mostram mais do que o crescimento da cabotagem propriamente dito. Os números evidenciam a consolidação do Porto de Santos como um hub port (porto concentrador), onde as cargas chegam do mundo e são distribuídas pelo modal hidroviário, por outros cargueiros, pelo País.
“É a vocação do Porto”, fala o executivo, ao destacar os investimentos no cais santista – como a manutenção da dragagem, que garante as condições de navegação no complexo e permite a vinda de navios maiores, com maior quantidade de carga. “São esses cargueiros que trazem o contêiner de transbordo, a ser levado para outros portos brasileiros por navios menores, capazes de serem recebidos por lá”.
O levantamento da companhia também mostra maior movimentação de embarcações de cabotagem em Santos. Nos oito primeiros meses do ano, houve 3.269 escalas de navios no cais. Dessas, 564 eram de embarcações com atuação pela costa. A participação é de 17%, superior aos 14% registrados no mesmo período em 2014, quando aconteceram 488 dessas escalas.
Esse resultado também é motivado pela maior oferta de espaço para recepção e armazenagem das cargas de cabotagem no Porto, aponta Caputo, que vê uma retomada da navegação costeira em Santos. Entre 2011 e 2013, houve uma queda de 30% no comparativo com o período 2008-2010.
“Eu acredito que a competição para a atividade econômica é positiva. Enquanto uns terminais forem mais eficientes que outros e oferecerem um custo melhor, os clientes serão beneficiados”.
Para o presidente da Codesp, a chegada de dois novos terminais de contêineres ao complexo santista possibilitou isso: mais espaço para carga, mais competição e menores tarifas.
O aumento da cabotagem ainda reflete a atual crise econômica, uma vez que esse tipo de transporte é mais barato, proporcionalmente, do que o rodoviário, diz Caputo, “É, certamente, um aumento acima das expectativas. Crescer nessa conjuntura já é um grande ganho”, afirma.