Rota entre Miritituba e Barcarena e liberação de portos pelo TCU impulsionam indústria naval
MANAUS – Autorização concedida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao governo federal para dar início ao processo de licitação de cinco áreas portuárias na cidade de Belém (PA) gerou boas expectativas aos empresários do setor naval amazonense. Estaleiros de maior porte dão continuidade à produção de embarcações que serão utilizadas no escoamento de grãos, por meio de uma rota que inicia no porto de Miritituba, no município de Itaituba (PA), até Barcarena (PA), cidade próxima a Belém, de onde a carga segue por navio para o exterior.
O estaleiro Erin (Estaleiros Rio Negro Ltda.) tem contrato para a construção de pelo menos 25 embarcações e todas serão destinadas ao transporte fluvial paraense.
De acordo com um dos gerentes industriais do Erin, Ivan Salmito, o estaleiro tem contrato firmado para a construção de mais de 25 barcaças que serão utilizadas no transporte de grãos. Ele afirma que as novas obras a serem implementadas pelo governo federal já estão contribuindo com o aquecimento do setor, mesmo em meio ao período de dificuldades econômicas que afetam o país e consequentemente o Estado. Salmito conta que, em decorrência do aumento na demanda, a empresa precisou expandir o quadro funcional.
Ele informa que, de julho a setembro deste ano, a empresa aumentou cerca de 30% seu quadro funcional, em comparação ao mesmo período de 2014. Em julho do ano anterior, o estaleiro empregava cerca de 650 funcionários.
Atualmente, esse número está acima de mil colaboradores. Todos os esforços se concentram na conclusão das obras que seguem um cronograma de entregas. Algumas balsas serão entregues a partir do próximo mês.
“Tanto Manaus como Belém estão envolvidas no processo de fabricação dessas embarcações. Há um terminal em operação na área de Miritituba localizado às margens da BR-163 e as próximas fabricações serão destinadas aos novos portos que serão entregues futuramente”, comenta o gerente.
Na avaliação do presidente do Sindnaval-AM (Sindicato da Indústria da Construção Naval, Náutica, Offshore e Reparos do Amazonas), Matheus Araújo, as obras referentes às cinco áreas portuárias anunciadas pela SEP/PR (Secretaria de Portos da Presidência da República) que serão licitadas para construção no Estado do Pará, ainda devem refletir de forma positiva no segmento naval amazonense. Ele acredita que, da mesma forma que o Erin está atuando frente aos projetos nacionais, os demais estaleiros da capital também tenham as produções impulsionadas pelas demandas dos estados vizinhos.
“Acredito que as obras dos portos do Pará deverão contribuir com o aquecimento da economia local. Ao mesmo tempo, os amazonenses também poderão alugar embarcações e equipamentos para o transporte de materiais, mais uma forma de geração de renda. É algo positivo para o setor”, disse o presidente.
Embora os índices produtivos de alguns segmentos econômicos estaduais apresentem números decrescentes, o polo naval registrou, de janeiro a julho deste ano, um crescimento significativo de 103,43%, com faturamento de R$146,7 milhões. No mesmo período de 2014, o setor contabilizou R$72,1 milhões, com uma queda de 25,3% no faturamento. Embarcações atuarão no ‘Corredor Norte’.
O gerente industrial do Erin, Ivan Salmito, explica que o corredor utilizado para escoar a produção dos estados de Mato Grosso e Goiás, feito por meio dos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), enfrenta uma sobrecarga, o que levou o Ministério dos Transportes a desenvolver pesquisas que indicassem uma mudança na logística da condução dos produtos.
O novo planejamento aponta a possibilidade de um desafogamento no escoamento dos grãos pela BR-163 a partir da cidade de Cuiabá (MT), com destino a Santarém (PA). Os produtos embarcam nas balsas em Miritituba e seguem a Barcarena, cidades localizadas no Pará, de onde seguem para o exterior por meio de navios.
“O transporte fluvial é muito mais econômico do que o terrestre. Com o embarque feito em Miritituba há condições técnicas de trabalho, sem dificuldades. Essa mudança resultou em aumento na demanda de fabricação de embarcações e até mesmo na expansão das atividades do Erin que saiu da capital para o município de Iranduba”, disse Salmito.
Fonte: Portal Amazônia