A representação sindical marítima se reuniu com o Capitão dos Portos do Rio de Janeiro, Luciano Calixto de Almeida Júnior, na tarde desta terça-feira (26), na sede do Sindmar, no Centro do Rio de Janeiro, ocasião em que fez uma apresentação sobre o cenário em que se encontra a Marinha Mercante brasileira pela visão dos trabalhadores do setor.
Durante o encontro, o segundo-presidente do Sindmar, José Válido da Conceição, recordou momentos históricos da luta de seus representados, ao longo dos anos, por avanços na relação laboral com as empresas de navegação.
O presidente do Sindmar e da Conttmaf, Carlos Augusto Müller, abordou temas que estão sendo debatidos atualmente e que fazem parte da atuação da Autoridade Marítima, como a responsabilidade pela formação dos marítimos brasileiros.
“Nós sempre defendemos que a formação de nossos representados deve ficar nas mãos da Marinha do Brasil e não concordamos que isso possa ser feito de forma apropriada pelo sistema ‘S’ controlado pelas empresas privadas”, disse o dirigente sindical sobre uma proposta ventilada no setor.
Com relação à quantidade de marítimos formados nas Efomm, Müller concordou que o número necessita aumentar, mas não de forma exagerada como representantes de empresas estão sugerindo.
O sindicalista se referiu a um estudo encomendado por armadores recentemente, o qual aponta que há falta de mão de obra no setor e que seria preciso formar cinco mil oficiais nos próximos anos – número contestado pela Conttmaf e até mesmo pela Marinha do Brasil em um evento realizado no Rio de Janeiro em agosto deste ano.
“As entidades patronais esperam abocanhar verbas do FDEPM para se financiarem porque perderam fontes de custeio com o fim do imposto sindical. Não concordamos com essa tentativa de privatização de recursos públicos, pois os trabalhadores ainda terão que pagar pelos treinamentos. O EPM deve continuar com a Marinha do Brasil”, destacou Muller.
Os sindicalistas comentaram, ainda, casos de acidentes de trabalho graves em embarcações substandard – de padrão inferior – sob bandeiras de conveniência e a necessidade de se buscar maneiras de haver uma cobrança mais efetiva, por parte das empresas brasileiras que contratam este tipo de serviço, com relação aos padrões de qualidade praticados pelos donos dos navios afretados.
Por fim, o Capitão dos Portos participou de uma visita guiada ao Centro de Simulação Aquaviária da Fundação Gente do Mar (FGMar), quando pode acompanhar o treinamento de oficiais no curso de posicionamento dinâmico avançado (DPA). Ele se colocou à disposição da representação sindical para voltar a discutir as demandas dos trabalhadores marítimos.
Além de Müller e Válido, acompanharam o comandante Calixto neste encontro o diretor de Educação e Formação Profissional do Sindmar, José Serra, o coordenador da campanha contra bandeiras de conveniência, Gustavo Menezes, o coordenador do CSA, Mario Calixto, e a chefe do departamento de Ensino Profissional Marítimo da Marinha do Brasil, Erika Lisboa.