Nesta terça-feira, 21, a Conttmaf compareceu a uma cerimônia na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em Brasília, para divulgação do resultado de uma pesquisa sobre equidade de gênero no trabalho aquaviário no Brasil.
O estudo tem a finalidade de aprimorar as políticas de igualdade nas empresas do setor e foi realizado em cooperação com a WISTA Brazil, que faz parte da Associação Internacional de Mulheres para Transporte e Comércio, entidade com status consultivo na Organização Marítima Internacional (IMO).
Ao todo, 302 empresas responderam aos questionários, entre terminais autorizados, terminais arrendados, autoridades portuárias, empresas brasileiras de navegação (EBN) e o Órgão de Gestão de Mão de Obra do Trabalho Portuário (OGMO). Foram levantados dados sobre a quantidade de empregados, gerentes e dirigentes no setor aquaviário, com os respectivos gêneros e faixas etárias, assim como informações sobre a cultura dos empregadores no que diz respeito a equidade de gênero e programas de inclusão social.
A pesquisa revelou que as mulheres ocupam apenas 17,5% do total de vagas no setor aquaviário brasileiro, o que segue a tendência mundial de ocupações femininas de cargos no setor.
As empresas que atuam em ambos os setores portuário e de navegação lideram o ranking de participação feminina, com 17,9% dos cargos ocupados. No setor de navegação, por sua vez, mais de 23% das posições de gerência são ocupadas por mulheres.
Nos nichos de movimentação de cargas e operações portuárias há uma queda acentuada na taxa de participação feminina. Os números destacam a necessidade de políticas estratégicas para melhorar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
No setor portuário, as mulheres ocupam 17,3% do total de vagas. As empresas de cabotagem lideram o ranking de participação feminina com 34% dos cargos ocupados por mulheres e mais de 30% delas em posições de liderança. As autoridades portuárias têm participação feminina acima da média geral dos setores, exceto para o quadro de direção.
Na maioria das companhias entrevistadas, menos de 30% dos funcionários são mulheres e menos de 30% delas ocupam cargos de liderança. Apenas 2,7% das empresas informaram que mais da metade de seus empregados são mulheres.
Recrutamento e equidade
As empresas entrevistadas empregam em sua maioria homens, na faixa entre os 25 e os 44 anos de idade. As empresas de médio porte (com 23 a 144 empregados) apresentaram a menor participação feminina entre os entrevistados.
A pesquisa ainda perguntou se as companhias adotam políticas de equidade em seus recrutamentos. A conclusão foi de que 90,8% das empresas adotam pelo menos uma política de equidade de gênero na escolha de seus empregados. Além disso, 68,6% das empresas afirmam assegurar a igualdade salarial e 35,6% adotam políticas de orientação sobre igualdade de gênero.
Com base em um levantamento oficial de dados do setor marítimo, a Conttmaf constatou que, até dezembro de 2022, a participação efetiva de mulheres trabalhando embarcadas em navios de mar aberto não chegava a 13%, o que indica a necessidade de continuar havendo estímulo à participação feminina no setor.
“A Conttmaf defende a participação das mulheres em condição de equidade em nosso setor. Há também a preocupação em tornar o ambiente de trabalho a bordo mais favorável às mulheres. Casos de atitude discriminatória ainda ocorrem e quando chegam até nós são verificados e, caso sejam procedentes, são levados às autoridades. Esperamos que os dados que foram apurados na pesquisa realmente sirvam para a criação de políticas de apoio e proteção à mulher no ambiente aquaviário”, afirmou Lorena Pintor, diretora do Sindmar e da Conttmaf, que representou as trabalhadoras aquaviárias no evento.
Estiveram presentes representantes da Antaq, de empresas, do Legislativo, da Marinha do Brasil e de outras agências reguladoras.
Fonte: Antaq