Uma reportagem da Folha de S. Paulo publicada neste domingo, 14, divulgou os valores de remunerações pagas a executivos de estatais brasileiras. Entre os salários, os dos diretores da Petrobras e da Transpetro ficaram no topo do ranking, ultrapassando os R$ 100 mil.
No outro extremo, estão as remunerações dos marítimos. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos (Conttmaf), que vem realizando o acompanhamento dos acordos coletivos de trabalho (ACT) assinados pelo Sindmar, que cobrem mais de 90% dos postos de trabalho das categorias representadas pelo Sindicato, os salários pagos pela Transpetro são os mais baixos na Marinha Mercante brasileira.
No caso de oficiais de quarto de navegação e oficiais de quarto de máquinas, profissionais em início de carreira, a Transpetro paga 27% a menos que a média das empresas com ACT vigente e 35% abaixo da média entre as 20 que remuneram melhor, ocupando o último lugar isolado no ranking, com os menores valores entre os armadores que negociaram com o Sindmar.
Já para os eletricistas, a remuneração oferecida pela Transpetro está 32% abaixo da média das empresas com ACT vigente com o Sindmar e 42% abaixo da média das 20 empresas que pagam os melhores salários. O único armador com salários mais baixos é a Norsul, que transporta granel sólido, cujo frete é inferior ao das cargas transportadas pela petroleira.
Além dos baixos salários, o vale-alimentação da Transpetro não chega a 50% da média praticada no setor maritimo brasileiro e a subsidiária da Petrobras é uma das poucas empresas que não pagam dobras aos marítimos quando o tempo de embarque é excedido.
O presidente do Sindmar, Carlos Müller, avalia que esse conjunto de práticas é resultado do comportamento desrespeitoso da gestão da Transpetro com aqueles que emprega e tem por objetivo desestimular as carreiras marítimas na empresa.
“Para mudar esse quadro, é essencial que os marítimos demonstrem disposição para lutar em defesa de seus interesses coletivos. As conquistas alcançadas pelos companheiros e companheiras que decidiram atuar coletivamente seguindo as orientações do Sindmar possibilitaram avanços significativos em outras empresas que não devem passar despercebidas por quem está empregado na Transpetro”, afirma Müller.