Este ano, a campanha do Dia do Marítimo da IMO propõe o debate do tema “um futuro justo” para homens e mulheres do mar, levantando questões que serão relevantes após a pandemia de Covid-19.
Em boa parte do mundo, contudo, particularmente no Hemisfério Sul, olhar para o futuro ainda é um exercício impossível para marítimos de diversas nacionalidades, quando milhares seguem sem a possibilidade de desembarque e retorno a seus lares em meio às restrições impostas pela pandemia.
No Brasil, não houve avanços consistentes na vacinação e o risco de contaminação por Covid ainda faz parte do presente. A doença, que já matou mais de meio milhão de brasileiros, segue no comando da atividade econômica, sem que se visualize solução em curto prazo para os riscos e restrições impostos a quem trabalha no mar.
Não há dúvidas de que a proteção da saúde fundamentada na ciência é o que funciona para combater o vírus. A efetividade da vacinação coletiva alcançada em diversos países ao redor do mundo mostra que, neste momento, a definição entre viver ou morrer para um número elevado de pessoas está, de fato, na ponta de uma agulha, até mesmo para aqueles que negam essa realidade.
Do Norte do globo, nos chegam notícias de planos de vacinação que funcionam e efetivamente consideram os marítimos trabalhadores essenciais e, portanto, prioritários para imunização. Tripulantes brasileiros que têm aportado em terminais no exterior são incentivados pelas autoridades locais a se imunizarem, mesmo não sendo nacionais daqueles países. A vacina é aplicada a bordo, pelas equipes de saúde, em meio a grande comemoração.
Por aqui, a prioridade para os marítimos que foi estabelecida no Plano Nacional de Imunização não ocorreu porque o governo não planejou vacinar a população quando deveria. A absurda negligência na aquisição de vacinas meses atrás e a inexistência de uma coordenação nacional efetiva pelo Ministério da Saúde impedem um avanço rápido e significativo na imunização dos brasileiros neste momento.
A Organização Sindical Marítima continua a cobrar do governo urgência na imunização dos tripulantes dos navios que seguem enfrentando os riscos da Covid e trabalhando para garantir a logística de transportes necessária ao Brasil em meio à pandemia. Somos um país que utiliza o mar para mais de 90% das trocas comerciais com o resto do mundo e tem a fronteira marítima aberta ao vírus.
Neste 25 de junho de 2021, a possibilidade de vacina no braço não é apenas um reconhecimento justo e necessário para os nossos marítimos, mas uma obrigação do Estado que está sendo negligenciada. Depois de vacinados, vamos, então, discutir o futuro.
Saudações Marinheiras
Juntos somos mais fortes!
Carlos Müller
Presidente do Sindmar e da Conttmaf